A obesidade é uma das doenças crónicas mais prevalentes do século XXI. Afeta milhões de pessoas em todo o mundo e está associada a comorbidades graves, como diabetes tipo 2, hipertensão arterial, apneia do sono, doenças cardiovasculares e certos tipos de cancro.
Leia também: Como controlar a tensão arterial
O tratamento da obesidade vai muito além da estética: é uma questão de saúde pública. Entre as opções disponíveis, destacam-se dois caminhos principais: a cirurgia bariátrica e a medicação para perda de peso. Mas afinal, qual é a melhor opção?
O que é a obesidade e por que deve ser tratada?
A obesidade é caracterizada por um índice de massa corporal (IMC) igual ou superior a 30 kg/m². Trata-se de uma condição multifatorial, influenciada por fatores genéticos, hormonais, ambientais e comportamentais. A sua progressão está geralmente associada a um desequilíbrio entre a ingestão calórica e o gasto energético.
Apesar dos esforços na mudança de estilo de vida (alimentação e exercício), muitas pessoas não conseguem alcançar uma perda de peso sustentável apenas com estas medidas. É aí que entram os tratamentos médicos e cirúrgicos.
Medicação para a perda de peso: quando é recomendada
A terapia farmacológica é indicada geralmente para pessoas com:
- IMC ≥ 30 kg/m²;
- IMC ≥ 27 kg/m² com presença de comorbidades;
- Falha em atingir resultados com dieta e exercício ao longo de vários meses.
Nos últimos anos, novos medicamentos têm sido aprovados, com destaque para os agonistas do GLP-1 (peptídeo semelhante ao glucagon), como a semaglutida, e os agonistas duais que combinam a ação dos agonistas do recetor de GLP-1 e o GIP (polipeptídeo insulinotrópico dependente da glicose), como a tirzepatida, que demonstram efeitos significativos na redução do apetite e do peso corporal. Outros medicamentos atuam na saciedade, absorção de gorduras ou metabolismo energético.
Contudo, os fármacos para tratar o excesso de peso e obesidade apresentam limitações:
- Os resultados podem variar amplamente entre os indivíduos;
- A perda de peso tende a ser mais lenta e, em muitos casos, parcial;
- A manutenção da perda de peso depende da continuidade da medicação;
- Possíveis efeitos adversos, como náuseas, diarreia, dores abdominais ou risco cardiovascular em certos casos;
- Custos elevados a longo prazo, com menor previsibilidade de desmame da medicação.
Cirurgia bariátrica: o que envolve
A cirurgia bariátrica é recomendada para pessoas com:
- IMC ≥ 35 kg/m² ainda que sem comorbidades;
- IMC ≥ 30 kg/m² com doenças associadas;
- Fracasso de tratamentos convencionais.
Existem várias técnicas, como o bypass gástrico ou a gastrectomia vertical (sleeve). Ambas reduzem o volume do estômago e, consequentemente, o apetite, além de influenciar diretamente os níveis hormonais relacionados à fome e saciedade.
Leia também: Testemunho de Nuno Tomás: “Hoje consigo fazer coisas que pensava ser impossível voltar a fazer”
Vantagens da cirurgia bariátrica
- Perda de peso significativa e sustentada: muitos doentes perdem entre 50% a 70% do excesso de peso nos primeiros 12 a 18 meses;
- Melhoria de comorbidades: em casos como a diabetes tipo 2, a hipertensão e a dislipidemia;
- Redução da mortalidade a longo prazo: diversos estudos mostram aumento na esperança média de vida;
- Melhoria da qualidade de vida e da mobilidade;
- Efeito metabólico positivo: regula hormonas gastrointestinais que controlam o apetite e o metabolismo.
Ainda que seja um procedimento cirúrgico com riscos, os avanços médicos e o acompanhamento multidisciplinar tornaram a cirurgia bariátrica mais segura do que nunca, com taxas de complicações muito reduzidas em centros especializados.
Cirurgia bariátrica vs medicação: comparação direta
Critério | Medicação | Cirurgia bariátrica |
Indicação principal | Obesidade ligeira com comorbidades | Obesidade moderada ou grave |
Perda de peso esperado | 5 a 15% do peso corporal | 25 a 35% do peso corporal |
Tempo de resposta | Lento e gradual | Rápido (nos primeiros meses) |
Sustentabilidade dos resultados | Depende da continuidade da medicação | Alta, com acompanhamento adequado |
Custo a longo prazo | Elevado (medicação contínua) | Custo moderado na cirurgia |
Riscos e efeitos adversos | Náuseas, problemas digestivos | Complicações cirúrgicas pontuais |
Impacto das comorbidades | Parcial | Muito significativo |
Qual a melhor opção
A resposta depende sempre da avaliação clínica, do perfil do doente, da presença de outras doenças associadas e das expectativas individuais. Em doentes com obesidade ligeira e sem doenças graves associadas, a medicação pode ser uma boa opção inicial. No entanto, para casos de obesidade moderada ou grave, com ou sem comorbidades, a cirurgia bariátrica continua a ser a opção com melhores resultados a médio e longo prazo.
A cirurgia oferece uma perda de peso mais robusta e sustentada, maior impacto na melhoria de doenças metabólicas e, muitas vezes, permite reduzir ou eliminar a necessidade de medicamentos crónicos.
Além disso, ao contrário da medicação, que geralmente exige toma contínua para manter resultados, a cirurgia pode proporcionar uma reeducação alimentar e metabólica profunda, desde que acompanhada por uma equipa multidisciplinar.
Importância do acompanhamento médico
Tanto a medicação quanto a cirurgia requerem seguimento clínico rigoroso, com apoio de nutricionistas, psicólogos, endocrinologistas e cirurgiões especializados. A adesão a um novo estilo de vida é essencial para garantir o sucesso, independentemente do tratamento escolhido.
No Hospital Cruz Vermelha, disponibilizamos equipas especializadas em cirurgia bariátrica e tratamento médico da obesidade, com abordagem centrada no doente, acompanhamento contínuo e planos personalizados de tratamento.
A obesidade é uma doença complexa que exige soluções eficazes e adaptadas a cada pessoa. Embora a medicação represente um avanço importante, a cirurgia bariátrica continua a ser a opção mais eficaz e duradoura para pessoas com obesidade grave ou com dificuldade em perder peso de forma significativa.
Se está a considerar qual o melhor tratamento para o seu caso, fale com os nossos especialistas em obesidade. No Hospital Cruz Vermelha, ajudamos a construir um caminho mais saudável e com maior qualidade de vida.
Dr. António Albuquerque
Coordenador da Clínica de Obesidade e especialista em Cirurgia Bariátrica
Faça as suas marcações através do número +351 217 714 000 ou do formulário de marcações do nosso site.
Siga as nossas redes sociais – Facebook, Instagram, LinkedIn e YouTube – e fique a par de tudo o que se passa no Hospital Cruz Vermelha.