No âmbito do Dia Mundial da Diabetes, a Clínica de Oftalmologia e Saúde Visual do Hospital Cruz Vermelha alerta para a importância da prevenção e da deteção precoce da retinopatia diabética, uma das principais complicações da diabetes mellitus que afeta a visão.
O que é a retinopatia diabética
A retinopatia diabética é uma doença ocular que resulta dos danos causados pela diabetes nos vasos sanguíneos da retina, estrutura essencial para a nossa visão. Nos países ocidentais, a retinopatia diabética é considerada a primeira causa de cegueira na população em idade ativa, uma estatística que sublinha a importância de alertar para a magnitude desta condição.
Apesar do seu impacto, estima-se que aproximadamente metade das pessoas com diabetes nunca consultou um oftalmologista. A retinopatia diabética é muitas vezes assintomática nos seus estádios iniciais, mas pode evoluir progressivamente, causando complicações oculares mais gravosas e afetando a visão de forma irreversível.
Este fator reforça uma vez mais a importância da realização de exames oftalmológicos regulares para deteção precoce e acompanhamento da doença, sobretudo em indivíduos com diabetes diagnosticada.
Tradicionalmente, a retinopatia diabética é considerada uma doença microvascular da retina (a diabetes mellitus pode afetar os pequenos vasos como os dos rins e da retina, como os grandes vasos como as carótidas – e em ambos os casos podem afetar a visão) nos vasos sanguíneos que nutrem esta estrutura.
Estes vasos podem sofrer diversas alterações que envolvem a alteração da sua morfologia, a formação de microaneurismas e até de hemorragias ou exsudação (perda de conteúdo que deveria estar no interior do vaso sanguíneo e que passa para os tecidos, impossibilitando a sua função).
Quando não tratadas, estas alterações comprometem a função visual e podendo em casos mais graves levar à perda de visão através da proliferação desorganizada de vasos sanguíneos no interior do olho que podem levar a hemovítreos (hemorragia no interior do olho) e de descolamentos de retinas tracionais.
Ambas as situações, se não tratadas com cirurgia podem levar à perda prolongada ou mesmo definitiva da visão. Recentemente, há também uma crescente evidência de que a retinopatia diabética envolve um processo neurodegenerativo precoce da retina, que pode ocorrer antes de as alterações nos vasos sanguíneos se tornarem visíveis.
Esse processo neurodegenerativo pode, de igual forma, contribuir para o desenvolvimento de anomalias microvasculares, tornando ainda mais crucial o acompanhamento e a avaliação por parte de um oftalmologista.
Prevenção e tratamento da retinopatia diabética
A melhor forma de prevenir a retinopatia diabética, além de otimizar o controlo da glicémia e da tensão arterial, é fazer o rastreio da mesma, assim que haja o diagnóstico de diabetes, nomeadamente, nos casos de diabetes tipo 2, a maioria dos casos na nossa população. Não raras vezes numa consulta inicial são já identificadas situações de retinopatia.
Nas fases iniciais da retinopatia, o tratamento passa essencialmente por garantir o melhor controlo glicémico e tensional, com a colaboração do diabetologista ou do médico generalista, em intervalos de observação oftalmológica ditados pelo próprio estádio da doença.
Em casos mais graves de retinopatia o laser era a única alternativa, de forma a diminuir as necessidades de oxigenação da retina afetada pela doença dos micro-vasos ou a sua exsudação.
Embora continue a ser uma muito útil arma terapêutica, inclusivamente o laser subliminar, o próprio laser quando realizado nas áreas centrais da retina poderia acarretar perdas pontuais definitivas de visão para a vida (em termos mais básicos pode-se dizer que se sacrificavam pequenos pedaços de retina e de função visual para poder manter a globalidade da mesma).
A mudança de paradigma veio com a adoção de injeções e dispositivos intravítreos, administrados em procedimentos de 5 minutos, sem dor, no interior do olho, e que permitem manter e melhorar a visão sem os danos colaterais do laser. Este foi o grande avanço terapêutico na última década e meia, com o desenvolvimento de fármacos e dosagens cada vez mais eficazes.
O próximo passo tecnológico a este nível será tentar reduzir o número de procedimentos necessários a realizar durante a vida do doente, dado que, ao serem medicamentos com tecnologia “de ponta” e de terem de ser fabricados e administrados em condições muito especiais, o seu custo é ainda por vezes penoso quer para os doentes, quer para as entidades financiadoras (seguros, subsistemas ou o Estado).
Contudo, quando é detetada a sua necessidade de administração, o adiar da mesma apenas leva a piores resultados. Por vezes, o laser tem de ser combinado com estes medicamentos intravítreos (terapêutica combinada), num timing devidamente orquestrado pelo oftalmologista.
Nos casos mais graves e desesperantes, a cirurgia vítreo-retiniana pode ser uma opção, embora tal signifique geralmente que o diagnóstico e controlo da doença não foram atempados.
Há que referir que a diabetes ocular não afeta apenas a retina, podendo causar desde epiteliopatia da córnea (por exemplo, com sensação constante de “picadas” na superfície do olho), a paralisias oculomotoras com estrabismo e visão dupla, a neuropatia ótica diabética (atingimento do nervo ótico) e, além disso, está associado a tipos de cataratas cuja evolução é geralmente muito rápida e que necessitam de cirurgia atempada não só para melhorar a visão mas também para poder uma correta observação do fundo ocular (retina e vítreo) por parte do oftalmologista e dos exames complementares utilizados em situações de retinopatia diabética.
Compromisso com a saúde visual
Neste Dia Mundial da Diabetes, a Clínica de Oftalmologia e Saúde Visual do Hospital da Cruz Vermelha, que dispõe da mais recente tecnologia de diagnóstico e tratamento da diabetes ocular, além de profissionais treinados e motivados, reafirma o seu compromisso com a saúde ocular incentivando, em especial a toda a população diabética, a consultar regularmente o oftalmologista, cuidando e protegendo assim um dos sentidos mais valiosos: a visão.
Dr. Filipe Miguel Braz
Coordenador da Clínica de Oftalmologia e Saúde Visual do HCV
Técnico Miguel Santos
Ortoptista Coordenador na Clínica de Oftalmologia e Saúde Visual do HCV
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