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A importância de brincar

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Brincar é fundamental para as crianças. Ao brincar as crianças estão a desenvolver competências fundamentais para a vida adulta. O ser humano é dos seres vivos com uma infância mais prolongada e que, por isso, deveria ter mais tempo para brincar.

O recém-nascido começa a brincar com a mãe enquanto mama: faz uma pausa, ela estimula-o e ele recomeça a comer. Depois começa a sorrir de volta. Mais tarde descobre que tem mãos e olha fascinado para elas, começa a descobri-las com a boca e depois uma com a outra; começa a agarrar e manipular objetos. Começa a brincar com a voz, a palrar e a explorar os sons. O adulto cuidador vai lenta e docemente transformando essas vocalizações na língua materna.

Ao longo do primeiro ano de vida, a criança vai descobrindo o seu corpo e as suas capacidades: segurar a cabeça, rebolar, levar os pés à boca. A partir do momento em que se senta, vê o mundo de cima para baixo. Procura alcançar os objetos e desloca-se para explorar o que a rodeia (rebolando, rastejando, gatinhando, rabejando). Por vezes, com frustração, um poderoso motor de desenvolvimento, mas sempre querendo mais: ficar de joelhos, ficar de pé, andar com apoio, andar sem apoio!

A presença do adulto é fundamental: para orientar a brincadeira, para dar sentido às vocalizações, para fornecer estímulos adequados à idade e fase de desenvolvimento, para interagir e fazer “cucu”, para apanhar os brinquedos que a criança atira para o chão, para dar a mão quando começa a andar, para lhe dar confiança para se largar, para dar nome ao que a criança aponta e responder à sua inesgotável curiosidade.

À medida que a criança cresce e se torna mais autónoma, a brincadeira é a forma mais importante de sociabilizar, primeiro com outros adultos e depois com outras crianças. Imitando, inicialmente, lado-a-lado com os seus pares, e depois à vez. A partir dos 2-3 anos começam as brincadeiras com as crianças da sua idade, as disputas de brinquedos e de espaços, e as partilhas e cumplicidades.

Com o crescimento, brincar torna-se mais elaborado e o “faz-de-conta” também: brincar às casinhas, famílias e construções; aos polícias e ladrões, índios e cowboys, médicos, escolas, agentes secretos e astronautas. Brincar às lutas por volta dos quatro anos é fundamental para organizar a normal agressividade, sobretudo no caso dos rapazes.

As brincadeiras vão-se tornando cada vez mais físicas: trepar, saltar, correr, escalar, rebolar, dar cambalhotas, rodas, pinos… Brincar permite conhecer o corpo, vencer os medos, aprender a cair e a levantar-se, alcançando a tão desejada resiliência.
Brincar permite aprender a regular emoções, a lidar com frustrações, a partilhar espaços e brinquedos, a cumprir regras nos jogos, a viver com uma hierarquia (os capitães a escolher as suas equipas), a desenvolver a motricidade fina, apanhando migalhas, pedrinhas e formigas, e montando torres e castelos.

O papel do adulto vai sendo cada vez mais secundário. Talvez de catalisador, para dar início “às hostilidades”, e de árbitro, em último caso: é fundamental dar espaço às crianças para resolverem os seus conflitos, desenvolvendo a empatia e o sentido de justiça, ferramentas que ficam para a vida.
Brincar, ao ar livre, mexendo o corpo, é um antídoto para a obesidade, ansiedade e depressão. Sobretudo a brincadeira livre, em que as crianças decidem quem, como e porquê. Uma atividade extracurricular, como a natação ou o futebol, pode ser divertida mas não é brincar.

Brincar de forma autónoma, sem tecnologias, permite às crianças desenvolver a criatividade, autonomia, resiliência, capacidade de resolver problemas, competências sociais, linguísticas, motoras e emocionais. Play is the highest form of research!

Dr.ª Isabel Saraiva de Melo
Coordenadora da Pediatria na Clínica da Mulher e da Criança do HCV

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