O cancro da mama, hoje em dia, é uma das doenças mais comuns, estimando-se que corresponda a mais de 10% dos novos casos de cancro em todo o mundo.
Em Portugal, são diagnosticados aproximadamente 7 mil novos casos anuais e a doença é responsável por mais de 1 500 mortes por ano. Ainda assim, Portugal apresenta uma taxa de sobrevivência a cinco anos superior à média europeia, de 88%, enquanto nos restantes países europeus é de 83%. Este desempenho deve-se em grande parte à estratégia nacional de deteção precoce e ao acesso a tratamentos inovadores.
Fatores de risco do cancro da mama
O cancro da mama está associado a fatores de risco modificáveis e não modificáveis. Entre os fatores de risco não modificáveis, destaca-se a idade – o risco de desenvolver a doença aumenta com o envelhecimento, sendo mais comum em mulheres com mais de 50 anos; o histórico familiar – o parentesco com familiares próximos que tiveram cancro da mama; a genética – cerca de 10 a 15% dos casos são hereditários, causados por mutações em genes; histórico pessoal – mulheres que já tiveram cancro da mama são mais propensas a voltar a desenvolver a doença; fatores hormonais – como menstruação precoce e menopausa e gravidez tardias.
Os fatores de risco modificáveis são o consumo de álcool, a obesidade e excesso de peso, o sedentarismo ou uma alimentação inadequada. Assim sendo, por forma a ajudar a prevenir o aparecimento da doença, é fundamental adotar um estilo de vida saudável, com uma dieta equilibrada, atividade física regular ou o controlo do peso. Além disso, a realização de exames com frequência bem como a ida a consultas médicas são essenciais para o diagnóstico precoce e tratamento atempado.
Importância do rastreio na prevenção do cancro da mama
O rastreio do cancro da mama visa a deteção da doença em fase inicial, antes do aparecimento de sintomas. A idade para iniciar um programa de rastreio difere entre o rastreio organizado de base populacional e o rastreio personalizado.
O rastreio organizado de base populacional baseia-se apenas na idade das mulheres, variando a definição dos grupos etários de país para país.
Por outro lado, o rastreio personalizado é adaptado ao caso particular de cada mulher, de acordo com os seus fatores de risco. A mulher entre os 25 e os 30 anos, deve ser avaliada numa consulta de Senologia ou Ginecologia, para definição do seu risco e, em função deste, é estabelecido o início, a frequência e o/s método/s de imagem a implementar no programa de rastreio.
São considerados fatores como a menarca precoce, a nuliparidade, a menopausa tardia, a terapêutica hormonal de substituição e o padrão mamário observado na mamografia.
São também importantes a história familiar e as mutações genéticas ou antecedentes de radioterapia torácica, podendo ser utilizados modelos de estratificação do risco de cancro da mama.
Estratificação do risco de cancro da mama
A estratificação divide as mulheres em três grupos:
- Mulheres sem risco acrescido – podem seguir o programa de rastreio populacional organizado;
- Mulheres de risco intermédio, ou risco de cancro da mama entre 15 e 20% ao longo da vida – devem fazer consultas regulares com um especialista em cancro da mama, para discutir um plano de rastreio personalizado, que pode incluir exames adicionais ou a combinação de diferentes modalidades de rastreio. Em geral, são sugeridas:
- Mamografia anual a partir dos 40 anos de idade;
- Ressonância magnética (RM) mamária, eventualmente anual, sobretudo se houver fatores adicionais que aumentem o risco.
- Mulheres de alto risco ou risco superior a 20% – devem ser referenciadas para aconselhamento genético. As recomendações de rastreio são mais intensivas e podem incluir:
- Início das mamografias anuais mais cedo, geralmente a partir dos 30 anos, mas não antes dos 25 anos;
- RM mamária anual, além da mamografia, começando também por volta dos 30 anos. A RM é especialmente útil para detetar tumores em mulheres com mamas densas;
- Exame clínico das mamas realizado por um profissional de saúde, geralmente a cada 6 a 12 meses, sendo recomendado a partir dos 25 anos;
- Educação sobre o autoexame das mamas – as mulheres de alto risco devem ser educadas sobre a importância de conhecerem as suas mamas e relatarem qualquer alteração imediatamente.
O que é o autoexame da mama
O autoexame da mama permite melhorar o conhecimento do próprio corpo e eventualmente detetar alguma alteração, antes de se tornar um problema, promovendo a prevenção.
Este autoexame, juntamente com os exames de imagem, pode ajudar a identificar tumores na fase inicial, quando o tratamento é mais eficaz. As alturas ideais para o realizar são na semana após a menstruação, quando as mamas estão menos tensas e sensíveis, sendo mais fácil detetar algo fora do “normal”.
O autoexame pode ser realizado durante o banho e o sabão facilita a palpação da mama e axila. Deve utilizar as polpas dos dedos e fazer movimentos circulares, garantindo que nada passe despercebido. Encontrar algo diferente, não significa que é alarmante, mas deve marcar uma consulta para esclarecimento de dúvidas.
O autoexame não substitui as consultas regulares de imagem, como a mamografia. Para a realização do autoexame da mama deve acompanhar os passos a seguir:
- Coloque-se à frente de um espelho e observe a forma, a simetria, a cor e a textura da pele das mamas. Compare-as e veja se existem alterações nos mamilos ou “covas da pele”;
- Levante os braços, coloque as mãos sobre a cabeça e verifique se aparece alguma assimetria ou “repuxamento”;
- Aperte suavemente os mamilos e confira se sai alguma secreção. A saída de líquido só de um mamilo e apenas por um orifício é um sinal de alerta;
- Deite-se e posicione uma pequena almofada do lado que vai examinar. Coloque o braço debaixo da nuca e apalpe a mama com a mão oposta. Procure identificar nódulos e outras alterações. Repita este passo para a outra mama.
Dra. Ana Paula Avilez
Coordenadora do Serviço de Imagiologia do HCV
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