Tal como explicámos em artigos anteriores, como “Porque é que as pessoas sofrem de dor de costas”, “Sou alérgico à minha coluna?” ou “Covid-19 e a dor de costas”, a inflamação e os fenómenos autoimunes têm um papel fundamental no surgimento da dor de costas, mesmo quando associada a hérnias discais, profusões, abaulamentos, artroses, síndromes facetários, disfunção das sacroilíacas, bicos de papagaio ou mesmo fraturas.
Com efeito, detetar a origem da dor da coluna é frequentemente difícil, pois múltiplas estruturas anatómicas podem originar dores com características semelhantes e não há exames que nos confirmem a certeza da origem da dor.
Um tipo de inflamação da coluna, nomeadamente a inflamação das plataformas vertebrais adjacentes aos discos intervertebrais, frequentemente associadas a discopatias ou hérnias discais, tem sido até há pouco tempo muito difícil de tratar. Só recentemente se descobriu que esta inflamação vertebral é muitas vezes a fonte de dor, antes inexplicada, da coluna.
A esta inflamação chama-se, numa fase inicial, alterações de Modic tipo 1 que poderão evoluir para tipo 2 ou 3, se não tratadas. No passado, pensava-se que só os discos, as facetas articulares ou as articulações sacroilíacas podiam originar a dor, mas atualmente sabe-se que o osso das vértebras pode com frequência ser a causa das dores de costas.
Tratamento da inflamação vertebral da coluna
A medicação analgésica e anti-inflamatória é pouco eficaz, assim como a fisioterapia, na maioria dos casos.
Tentou-se a antibioterapia, pois alguns estudos indicam a existência de uma bactéria da pele, nomeadamente a Propionibacterium acnes, também associada à vulgar acne. Implica, contudo, tomar antibiótico durante vários meses, com os efeitos adversos ou riscos associados e com uma eficácia limitada.
Um tratamento inovador, em que a Neurorradiologia de intervenção do Hospital Cruz Vermelha foi pioneiro, é a ablação do plexo basivertebral com radiofrequência. Este é um tratamento minimamente invasivo, realizado apenas com anestesia local e, eventualmente, uma leve sedação, em que se entra dentro das vértebras afetadas com elétrodos de radiofrequência no sentido de adormecer os nervos do plexo basivertebral, que estão dentro ou na proximidade do osso inflamado.
O procedimento é guiado por aparelhos de imagem de alta tecnologia que permitem visualizar o interior do corpo do paciente, nomeadamente as várias estruturas da coluna, em tempo real e nas 3 dimensões, sem ter de abrir ou fazer cortes, pelo que não deixa cicatrizes nem fibroses indesejadas que poderiam ser potencialmente dolorosas. Trata-se de uma intervenção muito segura e com elevada taxa de sucesso.
A Neurorradiolgia de intervenção do Hospital Cruz Vermelha foi pioneira a nível Europeu tendo já vasta experiência com esta intervenção.
Dr. Miguel Cordeiro
Especialista em Neurorradiologia no Hospital Cruz Vermelha
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