As varizes, além de um problema estético, constituem também um problema clínico. E é principalmente nesta fase do ano que mulheres e homens sentem os constrangimentos da doença que afeta uma grande parte dos portugueses. Por um lado, o calor provoca alterações circulatórias que diminuem a qualidade de vida e aumentam a dor, por outro, as idas à praia, de biquíni, fato de banho ou calções, causam embaraço e fica-se com vontade de tratar este problema para que no próximo verão o mesmo cenário não se repita. Felizmente, as novas técnicas de tratamento de varizes permitem a adequação do tratamento à situação clínica de cada doente, sem recurso a cirurgia e o outono/inverno é o melhor momento avançar com o tratamento.
A Radiologia de Intervenção é uma especialidade médica que oferece múltiplos tratamentos guiados por técnicas de imagem. No caso das varizes, as técnicas endovasculares são disso um bom exemplo: há hoje alternativas seguras e minimamente invasivas relativamente às cirurgias clássicas, permitindo o restabeleci- mento mais rápido e menos doloroso do paciente, após o tratamento.
Uma das áreas onde a Radiologia de Intervenção é seguramente mais efetiva do que a realização de uma cirurgia clássica é no tratamento de varizes, que são veias dilatadas e tortuosas, habitualmente visíveis e que ocorrem mais frequentemente nas pernas e coxas, em homens e mulheres.
As varizes são causadas pelo mau funcionamento das veias das pernas que habitualmente transportam o sangue em direção ao coração. Os veias têm pequenas válvulas que impedem que o sangue regresse para as pernas pelo efeito da força da gravidade. Quando estas válvulas deixam de funcionar, as veias ficam incompetentes e o sangue reflui para as pernas, sobrecarregando o sistema venoso e provocando o aparecimento de varizes.
Esta enfermidade afeta 5O% de todas as pessoas com mais de 50 anos e entre 15% a 20% de todos os adultos, sendo que a frequência está aumentada nas mulheres após a primeira e , particularmente, após múltiplas gravidezes.
Existe, há alguns anos, a possibilidade de tratar as varizes de forma minimamente invasiva, segura e eficaz, sem recurso a anestesia geral (apenas local). As diferentes técnicas são realizadas em ambulatório e permitem que o paciente possa retomar de imediato a sua vida normal, o que não acontecia com a cirurgia clássica de varizes. As três técnicas são a termoablação, que utiliza calor, a ablação mecânico-química, que utiliza um cateter que lesa a parede interna da veia em conjunto com um agente esclerosante, e o encerramento adesivo, que utiliza uma cola desenvolvida para este fim. Cada pessoa é uma pessoa, e a decisão do melhor tratamento é sua, em conjunto com o médico.