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Maio, mês do coração, e o alerta para a Morte súbita

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Entende-se por morte súbita o aparecimento repentino e inesperado de uma paragem cardíaca, sem causa aparente e em indivíduos aparentemente saudáveis. Em Portugal morrem, todos os anos, mais de 12.000 pessoas têm episódios de morte súbita e embora, em 25% dos casos, ainda sejam iniciadas manobras de reanimação, apenas 3% desta população consegue sobreviver. Este é um número que ultrapassa, num total, as mortes por HIV, cancro de mama e cancro do pulmão. Por estes factos, torna-se mais que importante explicar o que é morte súbita.

Ninguém está livre de padecer de um episódio de morte súbita e sabemos que a doença coronária é a doença cardiovascular que mais morte súbita provoca. As alterações do ritmo cardíaco e as doenças do próprio músculo cardíaco, como por exemplo as inflamações do músculo cardíaco, denominadas miocardites ou as alterações malignas do ritmo cardíaco, como a fibrilhação ventricular, e outros síndromes, como a síndrome de brugada, também podem despoletar um episódio de morte súbita. Para além disso, existem grupos considerados de risco que com maior probabilidade de desenvolver problemas de coração, e morte súbita: entenda-se os doentes com obesidade e indivíduos com maus hábitos de vida (vida sedentária, ingestão de álcool e/ou de estupefacientes). A população com diabetes também vê aumentada a sua a possibilidade de ocorrência de um ataque cardíaco.

Tornar-se importante prevenir a doença, tal como um processo de educação sobre esta. A prevenção da morte súbita passa pela realização de um rastreio cardiovascular adequado e personalizado para cada indivíduo, onde se deve confirmar a presença, ou não, da doença coronária e o grau da mesma, deve ser analisado o ritmo cardíaco em repouso e em atividade normal diária e o comportamento do coração em repouso e em atividade. Tudo isto apoiado por uma equipa multidisciplinar. Esta é sem dúvida a melhor forma avaliar qual o risco de morte súbita. É relevante também falar, como forma de prevenção, da prática de um estilo de vida saudável: não fumar, alimentação equilibrada, exercício físico. A nível de educação, a meu ver, ainda há muito trabalho a percorrer. Deve-se criar, nas escolas, aulas que explicam o que são estas doenças, como atuar perante um episódio de morte súbita e como podem ser prevenidas.

A maioria dos doentes não apresentam sinais nem sintomas de que podem estar perto de um episódio de morte súbita. Ainda assim, alguma percentagem de doentes pode apresentar dor no peito ou tonturas ou eventualmente uma dor de cabeça muito intensa, mas, infelizmente, esta relação nem sempre é óbvia. Se ocorrerem alguns destes sintomas, há três passos simples e cruciais que devem ser feitos: identificar se o doente está consciente, se respira e se tem pulso; ligar imediatamente ao 112 a reportar o acontecido, solicitando ajuda urgente; iniciar durante os primeiros 4-5 min manobras de reanimação cardíaca básica até a chegada de reforço médico.

Sabendo a importância da prevenção desta doença e para evitar episódios fatais, no Hospital Cruz Vermelha, a partir do final de maio deste ano, todos os grupos de risco desta doença vão poder fazer um rastreio completo ao coração, com uma equipa multidisciplinar, que permite saber qual o seu risco de morte súbita, tudo isto com uma precisão 99%.