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Doença de Parkinson: como melhorar qualidade de vida

Doença de Parkinson

A Doença de Parkinson é uma patologia neurológica crónica e progressiva que afeta o sistema nervoso central, comprometendo a coordenação motora e a autonomia dos doentes. Trata-se de uma condição degenerativa que altera profundamente o funcionamento do cérebro, impactando a mobilidade, a qualidade de vida e o bem-estar emocional de quem a vive diariamente.

Embora a doença ainda não tenha cura, é possível controlá-la com o apoio certo e manter uma vida ativa e gratificante. Com estratégias adequadas, acompanhamento especializado e envolvimento familiar, muitas pessoas com Parkinson conseguem preservar a independência e continuar a realizar atividades significativas no seu quotidiano.

O que é a Doença de Parkinson

A Doença de Parkinson é causada pela diminuição progressiva da dopamina — um neurotransmissor essencial ao controlo dos movimentos voluntários. Esta perda interfere diretamente na capacidade do cérebro de coordenar ações simples como andar, escrever ou falar, levando ao surgimento de sintomas motores e não motores.

Entre os sinais mais comuns estão os tremores em repouso, a rigidez muscular, a lentidão de movimentos e alterações posturais e da marcha. Estes sintomas vão-se agravando com o tempo, dificultando tarefas quotidianas e impactando a autoestima e a qualidade de vida da pessoa afetada.

Além das manifestações físicas, a Doença de Parkinson pode também originar sintomas cognitivos e emocionais, como dificuldades de concentração, ansiedade, depressão e perturbações do sono. A dimensão da doença é, por isso, ampla e multidimensional, exigindo uma abordagem terapêutica igualmente abrangente.

Leia também: Tratamento de perturbações do sono no HCV

Qualidade de vida com Parkinson: um objetivo possível

Viver com Parkinson representa um desafio, mas também uma oportunidade de adaptação, superação e resiliência. A qualidade de vida não depende apenas da progressão da doença, mas sim da forma como a pessoa e a sua rede de apoio lidam com ela no dia-a-dia.

Com acompanhamento médico regular, hábitos saudáveis e suporte emocional, é possível abrandar os sintomas, prevenir complicações e aumentar o bem-estar. A chave está numa abordagem integrada, centrada na pessoa e nas suas necessidades específicas.

  1. Manter-se fisicamente ativo

A prática de exercício físico é uma ferramenta fundamental no controlo da Doença de Parkinson. A atividade física ajuda não só a manter a mobilidade como também a melhorar a função motora, o equilíbrio e a coordenação, reduzindo o risco de quedas e promovendo a autoconfiança.

  • Caminhadas diárias: ajudam a estimular a circulação, reforçar os músculos e manter a autonomia. Caminhar regularmente, mesmo que em pequenos percursos, permite preservar a marcha e combater o sedentarismo.
  • Exercícios de alongamentos e flexibilidade: contribuem para reduzir a rigidez muscular e melhorar a amplitude de movimentos. Alongamentos regulares promovem uma sensação de leveza e aumentam a capacidade funcional.
  • Ioga, pilates ou tai chi: práticas que combinam respiração, força e equilíbrio, favorecendo o bem-estar físico e mental. Estas atividades são leves adaptáveis, ideais para promover a consciência corporal e a concentração.
  • Dança terapêutica: promove o ritmo, a postura e a fluidez dos movimentos, além de ser uma atividade socialmente enriquecedora. Dançar estimula a memória motora, melhora o humor e fortalece laços interpessoais.
  1. Alimentação equilibrada e adaptada

A nutrição é uma aliada importante no controlo dos sintomas e na melhoria da qualidade de vida com Parkinson. Uma alimentação variada, rica em nutrientes e ajustada às necessidades individuais contribui para o bem-estar físico e mental.

  • Fibras e alimentos integrais: ajudam a combater a obstipação, um problema frequente devido à diminuição da mobilidade intestinal. Alimentos como aveia, legumes, frutas com casca e cereais integrais devem ser consumidos diariamente.
  • Hidratação adequada: beber água ao longo do dia favorece o trânsito intestinal, a função cerebral e a energia geral. A desidratação pode agravar a fadiga e dificultar a toma de medicação, por isso deve ser evitada.

Consultar um nutricionista pode fazer a diferença na gestão diária da doença, permitindo adaptar a dieta a cada fase e sintoma.

  1. Adesão rigorosa ao tratamento médico

O tratamento farmacológico da Doença de Parkinson é essencial para controlar os sintomas e manter a funcionalidade. No entanto, a sua eficácia depende da adesão rigorosa ao plano terapêutico prescrito pelo neurologista.

  • Tomar a medicação nos horários certos: respeitar o intervalo entre doses permite manter níveis constantes do fármaco no organismo, evitando oscilações motoras. Aplicações móveis ou alarmes podem ajudar na gestão da medicação.
  • Informar o médico sobre efeitos secundários: náuseas, alterações do sono ou movimentos involuntários podem surgir com o tempo. É fundamental comunicar estas alterações ao especialista para reajustar a terapêutica, sempre de forma individualizada.
  • Avaliar regularmente a necessidade de outros tratamentos: como a estimulação cerebral profunda, indicada em casos mais avançados, pode melhorar significativamente os sintomas motores em doentes selecionados.

Manter uma relação próxima com a equipa médica facilita o acompanhamento da evolução da doença e permite tomar decisões mais informadas e seguras.

  1. Estimulação cognitiva e saúde emocional

A Doença de Parkinson pode afetar a memória, a atenção e o humor. Estimular o cérebro e cuidar da saúde mental são pilares essenciais para preservar a qualidade de vida e a motivação.

  • Leitura e escrita: atividades simples, como ler um livro ou escrever num diário, mantêm o cérebro ativo e estimulam a concentração. Estas práticas ajudam também a expressar emoções e organizar o pensamento.
  • Jogos de memória e lógica: como puzzles, palavras cruzadas ou aplicações digitais, são excelentes para treinar o raciocínio e prevenir o declínio cognitivo. Devem ser realizadas regularmente e com prazer.
  • Terapia ocupacional: ajuda a manter a autonomia nas tarefas diárias, como vestir-se, cozinhar ou utilizar utensílios. Um terapeuta ocupacional pode sugerir adaptações simples que tornam o dia-a-dia mais funcional.
  • Apoio psicológico: sessões de psicoterapia ou grupos de entreajuda contribuem para a gestão da ansiedade, da tristeza e do isolamento. Falar sobre a doença e partilhar experiências fortalece a autoestima e reduz o sofrimento emocional.

O bem-estar emocional é tão importante quanto o controlo dos sintomas físicos. Por isso, deve ser valorizado e cuidado desde o início do diagnóstico.

  1. Apoio familiar e redes de suporte

A família é uma peça-chave no processo de adaptação à Doença de Parkinson. O carinho, o encorajamento e a compreensão dos que estão por perto fazem toda a diferença no caminho da superação.

  • Envolver a família nas rotinas e decisões: fortalece a confiança e diminui o sentimento de solidão do doente. Sentir-se incluído e respeitado aumenta a autoestima e a motivação.
  • Cuidar também do cuidador: quem acompanha diariamente um doente de Parkinson deve estar atento ao seu próprio equilíbrio emocional e físico. O esgotamento do cuidador pode comprometer toda a dinâmica familiar.
  • Recorrer a associações de doentes e grupos de apoio: permite trocar experiências, esclarecer dúvidas e encontrar estratégias práticas para lidar com os desafios. Estas redes são espaços de partilha, empatia e apoio mútuo.

Ter uma rede de suporte sólida reforça a resiliência e ajuda a transformar o diagnóstico numa oportunidade de união e crescimento.

  1. Adaptação do ambiente doméstico

Tornar a casa mais segura e funcional é um passo essencial para evitar quedas e promover a autonomia. Um ambiente adaptado permite que o doente se movimente com mais confiança e menos esforço.

  • Eliminar obstáculos: tapetes soltos, móveis baixos ou cabos no chão aumentam o risco de acidentes. A casa deve ser organizada com espaços livres e acessíveis.
  • Instalar barras de apoio e assentos elevados: facilitam a estabilidade em zonas críticas, como a casa de banho. Estas medidas simples aumentam a sensação de segurança.
  • Apostar numa boa iluminação: especialmente durante a noite, evita tropeções e confusões espaciais. Lâmpadas de presença ou sensores de movimento são boas soluções.

Pequenas mudanças fazem uma grande diferença na qualidade de vida, promovendo independência e confiança.

Hospital Cruz Vermelha: ao seu lado em todas as fases da doença

No Hospital Cruz Vermelha, acreditamos que cada pessoa merece um acompanhamento personalizado, humanista e multidisciplinar.

A nossa equipa de especialistas trabalha de forma coordenada e multidisciplinar para garantir o melhor cuidado possível a quem vive com Parkinson.

Desde o diagnóstico até à reabilitação, estamos ao seu lado para o ajudar a enfrentar cada desafio com confiança, segurança e esperança. O nosso compromisso é com a qualidade de vida — em todas as fases da vida.

Dra. Rita Miguel
Neurologista na Clínica de Neurociências e Saúde Mental do Hospital Cruz Vermelha

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