Dicas para o regresso às aulas

Setembro é o mês dos recomeços, sobretudo para as crianças de idade escolar e adolescentes, com o regresso às aulas. Ano novo, vida nova, e iniciar o ano com o pé direito é fundamental.

1. Avaliar o ano que passou (além das classificações finais): o bem que correu menos e precisa de ser melhorado e os progressos e evolução conseguidos, sobretudo quando resultaram de um esforço individual. É mais importante valorizar o processo e o esforço do que resultados. Identificada alguma dificuldade específica, ponderar estratégias para a ultrapassar (explicações, grupos de estudo, materiais específicos ou horários diferentes) e, se necessário, envolver o professor responsável ou diretor de turma.
2. Programar o ano aprendendo com os erros do anterior. Em função do horário escolar, “encaixar” as restantes atividades extracurriculares e familiares e reservar tempo para o estudo em casa. Particularmente para os alunos mais velhos, é fundamental criar hábitos regulares de trabalho, evitando a estratégia de estudar só para os testes e outros momentos de avaliação.
3. Em função da idade da criança, mas sobretudo para os adolescentes, ter um calendário (anual, semestral ou trimestral), onde são assinalados os principais eventos e momentos de avaliação ajuda a programar o trabalho e a aprender a gerir o tempo.
   O tempo livre e de lazer é essencial e tem de estar contemplado no horário familiar – devem ser valorizados os momentos em família e com os amigos.
4. Organizar um espaço de trabalho, adequado à idade. Nas crianças e jovens que se distraem facilmente, é importante ter uma secretária limpa e arrumada, cadeira sem rodas, e evitar estímulos como placards cheios de informação (um simples horário escolar será suficiente), brinquedos ou ecrãs. Ter todo o material necessário, em bom estado, devidamente identificado e de acordo com os gostos da criança ou do adolescente também contribui para motivar. Preparar a mochila (e lancheiras) de véspera, com a participação da criança ajuda a responsabilizar.
5. Incluir uma atividade desportiva regular no horário. O desporto é um pilar para a educação e desenvolvimento das crianças e jovens; é uma escola de valores como o esforço, a superação de dificuldades, a lealdade, a cooperação, o espírito de sacrifício ou a disciplina. Além disso, desempenha um papel muito relevante na saúde mental, nomeadamente dos adolescentes sujeitos à carga hormonal da puberdade, e na motivação. Permite manter um estilo de vida saudável, com alimentação equilibrada, e protege em relação ao abuso de substâncias. Em crianças e jovens com dificuldades escolares o desporto é muitas vezes a oportunidade de se sentirem realizados no seu dia-a-dia e aliviarem frustrações.
6. Evitar comparações, sobretudo dos resultados escolares (ou desportivos), com os irmãos, primos, amigos ou colegas de turma que têm melhores classificações. O que é importante é comparar com resultados anteriores, avaliar a evolução ao longo do tempo e valorizar o esforço e o trabalho. Não desanimar perante um mau resultado num teste, mas em conjunto com o professor definir estratégias para ultrapassar um momento menos bom.
7. Dormir bem é essencial para o descanso e o crescimento, para consolidar as aprendizagens e para uma boa saúde mental. As rotinas são protetoras e estruturantes: estabeleçam horas regulares de deitar e acordar, realistas e adequadas à vida familiar e às necessidades de sono (de 9 a 11 horas por dia até aos 13 anos e 8 a 10 horas a partir dos 14 anos). Bons hábitos de higiene do sono incluem desacelerar ao final do dia com momentos tranquilos (rever o dia e preparar o material para o dia seguinte), não consumir bebidas estimulantes, evitar atividade desportiva física vigorosa antes de deitar e, uma hora antes de dormir, desligar equipamentos eletrónicos (tablets, telemóveis, computadores ou televisões). Os telemóveis devem carregar fora dos quartos dos jovens (e as notificações devem ser desligadas). Ler ao deitar é um ótimo hábito, aumenta as competências verbais, e ajuda a encaminhar para uma boa noite de sono.

Dra. Isabel Saraiva de Melo
Coordenadora do Serviço de Pediatria do Hospital Cruz Vermelha

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