A gestão das expectativas escolares é um desafio enorme não só para o estudante, mas, muitas vezes, para pais e professores. Por vezes o jovem cria uma pressão nele mesmo pela pressão que é exercida pelo adulto. Outras vezes, o adulto não exerce pressão, mas a perceção do jovem é a de que essa pressão existe. Enfim, é um fenómeno bastante complexo.
O equilíbrio entre a motivação para o sucesso e a pressão excessiva (ou percebida) pode influenciar o próprio desempenho escolar (de forma positiva, mas também negativa), mas, sobretudo, o bem-estar emocional e a autoconfiança dos alunos. Que estratégias poderão ser usadas por forma a gerir as expectativas escolares de forma saudável e eficaz?
Definir objetivos que sejam realistas
Os objetivos académicos devem ser desafiantes, mas realistas. Expectativas demasiado elevadas podem gerar frustração, enquanto expectativas demasiado baixas podem resultar em desmotivação. Para isso, é essencial:
- Estabelecer metas específicas e alcançáveis (imaginar ter 20 a tudo é pouco provável e pode gerar frustração);
- Ajustar os objetivos conforme o progresso e as dificuldades encontradas;
- Focar no esforço e na aprendizagem, e não apenas nos resultados finais (o que é importante: aprender ou ter um 20 na nota final?).
Promover uma mentalidade de crescimento
Uma mentalidade de crescimento incentiva os jovens a verem os desafios como oportunidades de aprendizagem em vez de obstáculos. Para isso, é importante:
- Reforçar que o erro faz parte do processo de aprendizagem (o aluno vai sempre, a dado ponto, errar. Mostrar que é natural que isso aconteça vai ajudar);
- Valorizar o progresso em vez de apenas os resultados;
- Evitar rótulos como “bom” ou “mau” aluno, pois pode limitar o desenvolvimento.
Equilibrar o estudo com o bem-estar
O sucesso escolar e académico não deve ser alcançado à custa da saúde mental e física. Um bom equilíbrio inclui:
- Estabelecer uma rotina que inclua momentos de lazer e descanso (não se devem eliminar momentos de descanso para se focar na escola. Este é um erro muito comum com consequências difíceis);
- Incentivar hábitos saudáveis, como sono adequado e alimentação equilibrada;
- Promover atividades extracurriculares que desenvolvam competências sociais e emocionais.
Comunicar de forma aberta e positiva
A comunicação entre alunos, pais e professores é fundamental para alinhar expectativas e evitar mal-entendidos. Para uma comunicação eficaz é importante:
- Criar um ambiente onde o aluno se sinta seguro para expressar preocupações e emoções;
- Evitar comparações com outros alunos, focando-se no progresso individual;
- Encorajar um diálogo honesto sobre desafios e dificuldades.
Aceitar e lidar com a frustração
Nem sempre os resultados correspondem às expectativas, e isso faz parte do processo de aprendizagem. Para ajudar os alunos a lidar com a frustração é importante:
- Ensinar estratégias de autorregulação emocional, como a gestão do stress;
- Destacar que uma nota baixa não define a inteligência ou capacidades futuras;
- Encorajar a persistência e a adaptação a novas estratégias de estudo.
Gerir expectativas escolares é um processo contínuo que exige equilíbrio, comunicação e resiliência. Quando bem orientadas, as expectativas podem ser uma fonte de motivação e crescimento, em vez de uma fonte de pressão e ansiedade.
O foco deve estar no desenvolvimento global do aluno de forma individual, promovendo não só o sucesso académico, mas também o bem-estar e a autoconfiança.
Prof. Roberta Frontini
Coordenadora da Psicologia no Hospital Cruz Vermelha
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