O sarampo é uma doença exantemática (ou seja, que causa manchas na pele), típica da infância. É causada por um vírus e trata-se de uma das doenças mais contagiosas que se conhece. Os doentes começam por apresentar febre alta, conjuntivite, ranho e tosse, e segue-se o exantema (as manchas na pele).
Sarampo em Portugal
A vacina do sarampo é muito eficaz e foi introduzida em Portugal no Plano Nacional de Vacinação em 1974. Entre 1973 e 1977 e 1998 e 2000 houve duas campanhas de vacinação de larga escala.
A última epidemia de sarampo em Portugal foi em 1993. A Organização Mundial de Saúde emitiu o certificado de eliminação do sarampo para Portugal em 2015 (ou seja, desde esta data que deixou de haver circulação do vírus no nosso país).
Para continuar a haver uma eficaz proteção da comunidade, a que chamamos imunidade de grupo, é necessário que mais de 95% da população esteja devidamente vacinada.
Infelizmente, as taxas de vacinação a nível europeu têm vindo a descer e, nos últimos anos, temos assistido a vários surtos de sarampo em Portugal com origem em casos importados, que felizmente têm sido controlados com um importante esforço por parte das autoridades de saúde envolvidas. Um destes surtos levou inclusivamente à morte de uma adolescente não vacinada em 2017.
Período de incubação e contágio
O período de incubação do sarampo é de 1 a 3 semanas, ou seja, após o contacto com um doente infetado, demorará entre 6 a 21 dias até ao aparecimento dos sintomas (em média cerca de duas semanas).
Por sua vez os doentes são contagiosos desde cinco dias antes de surgir o exantema e até quatro dias depois. O contágio é feito pelo contacto/inalação de gotículas respiratórias contendo o vírus.
Sintomas do sarampo
Nos primeiros dias de doença, surge febre alta, sensação de doença e perda de apetite, seguida de conjuntivite, coriza (“ranho no nariz”) e tosse. Dois a quatro dias após o início da tosse, surge então uma erupção cutânea avermelhada, composta por pequenas manchas confluentes, com início na face e no pescoço, progredindo para o tronco e membros. Dois dias antes de aparecer o exantema já é possível encontrar pontos brancos na mucosa do interior da bochecha (manchas de Koplik), típicas do sarampo.
Complicações do sarampo
Podem ser graves na fase aguda com pneumonia, encefalite ou encefalomielite aguda disseminada ou mais tardias, como a panencefalite esclerosante subaguda e mesmo a morte.
É impressionante o relato de Roald Dahl (autor de Charlie e a Fábrica de Chocolate) do caso de sarampo da sua filha em 1962, que infelizmente teve um desfecho fatal, bem como o apelo que este fez à vacinação para o sarampo.
Quando ficar alerta
Se não estiver vacinado e estiver estado em contacto com um caso conhecido de sarampo ou viajado para um país com sarampo endémico ou com surtos ativos e, além disso, tiver sintomas de febre alta, conjuntivite, ranho/tosse ou manchas na pele. Nesse caso deve evitar o contacto com outras pessoas, contactar o seu médico ou o SNS 24, para realizar análises, e utilizar uma máscara quando sair de casa.
Sarampo e vacinação
A vacina do sarampo está incluída na VASPR (vacina contra sarampo, papeira e rubéola) que, de acordo com o Plano Nacional de Vacinação, é administrada a todas as crianças aos 12 meses e 5 anos de idade.
Todas as crianças com mais de cinco anos e adolescentes deverão ter duas doses VASPR. Os adultos nascidos depois de 1970 deverão ter pelo menos uma dose de VASPR. Para os adultos nascidos antes de 1970 considera-se que não é necessário vacinação (99% da população apresenta anticorpos).
Todos os profissionais de saúde que não tenham uma história pessoal credível de sarampo deverão ter duas doses de VASPR.
Segurança da vacinação
A vacina é muito segura e eficaz. As alegações de que estaria associada ao autismo foram desmontadas e foi comprovado em dezenas de estudos que não existe qualquer relação causal entre a VASPR e o autismo. As poucas contraindicações para esta vacina são gravidez, imunodepressão grave (por infeção com VIH ou por outras causas), tratamento com imunossupressores e tuberculose ativa não tratada. Se tiver sido feito tratamento com imunoglobulina nos últimos meses, deve ser respeitado o intervalo preconizado antes da administração da vacina. Estes doentes dependem da vacinação de todos (da imunidade de grupo) para estarem protegidos.
Como saber se devo ser vacinado?
Deve verificar no Boletim Individual de Saúde (boletim de vacinas) ou no Boletim de Vacinas Eletrónico se tem as doses de VASPR recomendadas:
- 2 doses para crianças com 5 anos (ou mais) e adolescentes, e para profissionais de saúde sem história pessoal credível de sarampo
- 1 dose para crianças entre 1 e 4 anos ou adultos nascidos depois de 1970
Em alternativa, pode contactar o enfermeiro de família ou marcar para o posto de Vacinação do Hospital Cruz Vermelha, onde um profissional competente pode avaliar se tem todas vacinas preconizadas de acordo com o calendário do Plano Nacional de Vacinação. Caso tenha alguma em falta poderá ser administrada no próprio dia no HCV.
Leia também: Vacinação no Hospital Cruz Vermelha
Se tiver estado em contacto direto com um doente com sarampo pode haver indicação para medidas adicionais. Nesse caso devem ser contactadas as entidades competentes.
Dra. Isabel Saraiva de Melo
Coordenadora da Pediatria na Clínica da Mulher e da Criança do HCV
Mais informações:
Clinical manifestations, diagnosis, treatment, and prevention
SNS: Sarampo
SNS: Prevenção do Sarampo
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