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5 cuidados a ter com as crianças no Verão

Cuidados a ter com as crianças no Verão

O Verão está a chegar – sinónimo de dias longos, calor, ar livre, férias, praia. É uma altura maravilhosa para as crianças e famílias, que pode e deve ser aproveitada da melhor maneira, com alguns cuidados básicos.

Calor

Os bebés e as crianças pequenas sofrem muito com o calor. Têm um risco maior de desidratar e sofrer uma insolação porque têm uma maior superfície corporal e dimensão da cabeça (proporcionalmente).As horas de maior calor na praia devem ser evitadas e recomenda-se o uso de chapéu de abas largas, roupas frescas e o consumo abundante de líquidos.

Nos automóveis e cadeirinhas de bebé (ovos) o calor ainda é mais intenso e, por isso, temos de ter muita atenção aos bebés. Das maiores tragédias que ouvimos nas notícias são os bebés e crianças pequenas que morrem por esquecimento no automóvel em tempo de calor. Pode acontecer a qualquer mãe ou pai, em dias de maior cansaço ou quando existem alterações na rotina habitual, e a criança adormece, sobretudo, nas cadeiras viradas para trás. Olhem sempre para o banco de trás dos vossos carros!

Piscinas

As piscinas são uma fonte de alegria e de frescura nos dias quentes de Verão. No entanto, para as crianças pequenas que ainda não sabem nadar, são perigosas.

As crianças gostam de atirar coisas para dentro de água e procuram ir buscá-las, podendo cair inadvertidamente de cabeça na piscina. A morte por afogamento é silenciosa e é uma tragédia evitável. As piscinas de casa devem estar vedadas com cancelas que a criança não consiga abrir. Nos dias de festa, com muitas pessoas é preciso estar especialmente atento.

A partir dos três anos as crianças já podem aprender a nadar e é a opção mais segura. As aulas de “natação para bebés” geralmente funcionam como uma adaptação ao meio aquático; são ótimas para estimular o desenvolvimento psicomotor e uma fonte de alegria para as famílias, mas, em regra, não capacitam as crianças para nadar de forma autónoma.

Existem atualmente cursos intensivos de prevenção de afogamentos (Infant Swimming Resource) a partir dos 6 meses que podem ser uma opção interessante.

Sol

A exposição solar tem vantagens, nomeadamente a produção de vitamina D na nossa pele. No entanto, como sabemos, a exposição excessiva nas horas de maior risco (entre as 12h e 16h) pode ter consequências imediatas, como escaldões, e a longo prazo, cancro da pele (sendo o mais grave o melanoma, tipo de cancro particularmente agressivo) ou fotoenvelhecimento.

Deve assim evitar-se a exposição solar entre as 12h e 16h e utilizar proteção solar adequada: creme ecrã total com filtro mineral até aos dois anos (e em todas as idades nas peles mais sensíveis) e creme ecrã total com filtro químico a partir dos dois anos.

Não esquecer de reaplicar frequentemente sobretudo se a criança passar muito tempo dentro de água ou se tiver uma pele muito clara. Os chapéus e t-shirts também são boas opções para proteção. Deve-se ter sempre uma sombra disponível (guarda-sol, toldo ou tenda), onde a criança possa descansar sempre que precisar.

Os óculos escuros com proteção UV são importantes para proteger os olhos destas radiações principalmente nas crianças com olhos mais claros. Caso se trate de um bebé ou criança pequena, certifique-se de que são lentes inquebráveis e armações que não magoem a cara em caso de queda.

Alimentação

O mais importante é assegurar que as crianças têm acesso a muita água e a alimentos frescos. A fruta é essencial nos piqueniques de praia. O tomate, as cereja e as cenouras aos palitos são também excelentes opções.

Cuidado com os alimentos muito doces ou sumos, pois podem ajudar a criança a desidratar (perdendo água e açúcar na urina). Os gelados são uma delícia refrescante apreciada por todos, mas o seu consumo deve ser limitado, especialmente quando a criança já tem excesso de peso.

Devemos ter atenção e não levar para a praia ou saídas em dias de calor alimentos que se possam estragar, como maionese ou lacticínios que precisem de frio. Uma intoxicação alimentar no Verão tem maior risco de desidratação, pelo que todos os cuidados são poucos, sobretudo se longe de serviços médicos.

Picadas de inseto

Melgas, mosquitos e outros insetos são uma companhia difícil de evitar nas férias do Verão. As crianças costumam ser as vítimas preferidas. Para evitar picadas de inseto deve ser utilizado repelente eficaz adequado à idade (DEET ou picaridina a partir dos 6 meses); as redes mosquiteiras de noite são uma boa solução para bebés e em sítios como o estuário do Sado, por exemplo.

Para aliviar os sintomas de comichão pode ser dado um anti-histamínico oral; crianças com pele atópica podem precisar de creme com corticóide. Se a picada ficar muito vermelha, quente ou dolorosa, pode ser indício de infeção e deve ser observada por um médico.

Geralmente as picadas de inseto são inócuas, mas em países onde a malária é endémica é necessário tomar medicação profilática; outras doenças tropicais transmitidas pela picada de inseto são o dengue e a febre amarela – em caso de viagem para destinos tropicais – pode marcar a consulta de viajante no HCV.

Assim sendo, um bom Verão a todos!

Deixemos os bebés aproveitar a liberdade de ter menos roupa para rebolarem, gatinharem e treparem à sua vontade. As crianças mais velhas correrem e “fazerem croquetes com a areia ” até se cansarem. E as famílias aproveitarem os dias longos para relaxarem e descansarem juntos, criando memórias e aprofundando os laços que os unem.

Dr.ª Isabel Saraiva de Melo
Coordenadora da Pediatria na Clínica da Mulher e da Criança do HCV

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